A nomeação do Ministro da Justiça, Flávio Dino, para o Supremo Tribunal Federal (STF) pegou o PT de surpresa, causando descontentamento com a decisão do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O partido buscava emplacar seu candidato, o advogado-geral da União, Jorge Messias, próximo do partido e, especialmente, do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). Dino é considerado um adversário político tanto por aliados de Bolsonaro quanto pela ala majoritária do PT desde sua gestão como governador do Maranhão.
Há preocupações nos bastidores do PT de que, mesmo no Supremo, Dino possa deixar a Corte para concorrer à Presidência na eleição de 2030. Filiado ao PSB, mesma sigla de Geraldo Alckmin, Dino levanta questionamentos sobre as motivações por trás da decisão de Lula, que, segundo senadores e deputados do PT ouvidos pelo Estadão sob reserva, pode estar relacionada à confiança em Dino, mas também para agradar os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, que apoiaram suas indicações.
Além disso, a indicação de Ricardo Capelli, secretário-executivo, como ministro interino da Justiça, gerou insatisfação no PT. Na visão da cúpula petista, Lula está desapontando o partido com três decisões consecutivas: a escolha de Dino para o STF, a nomeação de Capelli, considerado hostil ao partido, como interino no Ministério da Justiça, e a indicação de Gonet como procurador-geral da República, provocando descontentamento em parte do PT.
Manifestações de grupos de esquerda contra a indicação de Gonet como PGR foram enviadas a Lula, alegando sua natureza “ultraconservadora”. Apesar das críticas, membros do PT influentes no Palácio do Planalto defenderam Gonet, buscando minimizar o desconforto. Entretanto, o partido esperava que Lula indicasse Messias para o STF, o que não aconteceu.
Embora já estivessem conformados com a não escolha imediata de uma mulher negra para a vaga no STF, a surpreendente indicação de Dino por Lula, quando Messias parecia em vantagem, gerou insatisfação. Inicialmente, Lula planejava indicar apenas Gonet, mas mudou de ideia após garantias de Pacheco e Alcolumbre de que Dino seria aprovado no Senado.
As indicações de Dino e Gonet exigem aprovação na CCJ e no plenário do Senado, onde Dino enfrenta resistência de aliados de Bolsonaro por seu papel na contenção de apoiadores do ex-presidente. Apesar disso, Pacheco e Alcolumbre se aproximaram de Lula, garantindo a aprovação dos nomes antes do recesso parlamentar, embora a oposição, liderada pelo PL de Bolsonaro, planeje tentar barrar a ida de Dino ao STF.
Há desconfiança dentro do PT de que Jaques Wagner possa ter votado a favor de uma PEC para restringir poderes do STF em uma estratégia conjunta com Pacheco e Alcolumbre, irritando o partido e o Supremo, mas possivelmente articulada com Lula, que posteriormente elogiou os magistrados.
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