O terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta uma tempestade perfeita: desafios econômicos crescentes e um cenário político fragmentado. Especialistas e críticos destacam que decisões equivocadas, aliadas a uma postura rígida e pouco adaptada às mudanças do mundo atual, têm aprofundado os problemas do país.
O governo parece preso a uma armadilha fiscal criada por suas próprias escolhas, insistindo em aumentar os gastos públicos enquanto busca desesperadamente mais arrecadação, uma combinação que não gera confiança nos mercados nem na população. O resultado? Juros elevados, inflação persistente e uma economia engessada.
A armadilha fiscal: gastança e promessas vazias
Desde o início de seu mandato, Lula optou por um arcabouço fiscal que prioriza gastos sem uma base sólida de receitas sustentáveis. Promessas como o aumento do salário mínimo e a ampliação da isenção do Imposto de Renda tropeçam na dura realidade de um país que já carrega uma das maiores cargas tributárias do mundo.
“A estratégia de expandir benefícios sem receitas sustentáveis é um erro clássico do populismo econômico. Isso só gera mais desequilíbrio e aumenta a desconfiança do mercado”, afirma a economista Elena Landau.
A tentativa de compensar o aumento dos gastos com medidas como a reforma tributária tem encontrado forte resistência no Congresso, que vê o governo com desconfiança crescente. Parlamentares têm questionado abertamente o impacto dessas propostas sobre a classe média e o empresariado, categorias que já estão sobrecarregadas pela alta carga tributária e pela estagnação econômica.
Crise política: Congresso e Judiciário como adversários
Além dos problemas econômicos, a fragilidade política do governo é evidente. A relação de Lula com o Congresso é marcada por tropeços e falta de articulação. A tentativa de impor medidas impopulares, como o aumento de impostos, enfrenta resistência de um Legislativo mais independente, que não se submete facilmente ao Planalto.
A estratégia de Lula em buscar apoio no Judiciário, como forma de contornar a oposição no Congresso, tem gerado desconforto em diferentes esferas. Críticos apontam que essa postura reforça a ideia de um governo que prefere recorrer a decretos e decisões judiciais a construir consensos políticos.
Enquanto isso, frases como “vamos atacar o andar de cima”, usadas frequentemente pelo presidente para justificar políticas redistributivas, têm afastado setores produtivos e contribuído para a polarização.
Lula na encruzilhada: um governo fora de sintonia
Duas décadas depois de seu primeiro mandato, Lula enfrenta um Brasil muito diferente. A sociedade, mais crítica e polarizada, tem menos tolerância para políticas econômicas inconsistentes e discursos que tentam justificar a ineficiência do governo.
“A postura do governo de apostar em políticas ultrapassadas mostra desconexão com a realidade do país e do mundo. O mercado internacional está mais exigente, e o Brasil precisa de responsabilidade fiscal para competir”, aponta o economista Samuel Pessoa.
Se o governo continuar nessa trajetória, os riscos são claros: um isolamento político crescente e a fragilização da economia. A incapacidade de adotar medidas assertivas e equilibradas pode comprometer não apenas o futuro do país, mas também a base de apoio político do presidente.
Lula terá de escolher entre insistir em políticas que já deram sinais de esgotamento ou se adaptar ao novo contexto econômico e político. Sem mudanças reais, o país seguirá afundado em uma crise de confiança que será difícil de reverter.
Fonte https://www.estadao.com.br/politica/william-waack/teimosia-de-lula-aumenta-dificuldades-na-politica-e-na-economia/