Lula turbina salários de 323 aliados em conselhos de estatais e empresas públicas

Em editorial publicado nesta segunda-feira (28), o jornal O Estado de S. Paulo revelou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoveu a nomeação de 323 aliados políticos para cargos em conselhos de estatais e empresas privadas com participação da União. Os beneficiados incluem ministros, dirigentes partidários, assessores e apadrinhados do Congresso Nacional. Os cargos, remunerados com jetons pagos por participação em reuniões, podem elevar os salários a mais de R$ 80 mil mensais.

De acordo com o Estadão, os conselhos deveriam ser ocupados por profissionais com alta qualificação técnica e experiência nos respectivos setores. No entanto, constatou-se uma ampla distribuição de cargos a quadros políticos sem formação adequada, utilizando-se as nomeações como complemento salarial e instrumento de consolidação da base aliada no Congresso.

Exemplos emblemáticos são a jornalista Débora Raquel Cruz Ferreira, chefe de gabinete da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), nomeada para o conselho da Emgepron (Empresa Gerencial de Projetos Navais), e Lucas Monteiro Costa Dias, bacharel em História, nomeado conselheiro fiscal da Caixa Cartões. Também foram contemplados assessores de figuras importantes do Congresso, como Ana Paula de Magalhães, ligada a Davi Alcolumbre (União-AP), e Micheline Xavier Faustino, assessora de Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O editorial destaca que as nomeações também serviram para premiar lideranças do PT, como a tesoureira Gleide Andrade e os ex-deputados Jorge Bittar e Maurício Quintella Lessa, todos indicados para conselhos de grandes estatais. Ministros de Lula, como Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia), também participam de conselhos como o da Itaipu Binacional, com jetons que chegam a R$ 34 mil por reunião.

O governo justificou as nomeações alegando que a diversidade de formações acadêmicas fortalece a governança, respeitando os critérios da Lei das Estatais. Contudo, especialistas discordam. Para Sandro Cabral, professor do Insper, a prática prejudica a qualidade da gestão pública. Luis André Azevedo, da FGV-SP, alerta que a ausência de rigor técnico nas nomeações compromete a eficiência e fere princípios constitucionais da administração pública.

Ainda que legalmente possível, a prática evidencia a utilização política de cargos públicos, distanciando a gestão federal dos ideais de meritocracia e eficiência que deveriam reger a administração das estatais.

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