Declaração é vista como recado direto a Lula, em meio ao desgaste diplomático com Washington
O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou que o Brasil precisa ser “consertado” para deixar de prejudicar os interesses norte-americanos. A declaração, feita em entrevista ao programa NewsNation, foi interpretada por analistas como um alerta direto ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que tem priorizado parcerias com a China e a União Europeia em detrimento de um alinhamento com os EUA.
“Temos um monte de países para consertar, como Suíça e Brasil. Eles têm um problema. Índia. Esses são países que precisam reagir corretamente aos Estados Unidos. Abrir seus mercados, parar de tomar ações que prejudiquem os Estados Unidos, e é por isso que estamos em desvantagem com eles”, afirmou Lutnick.
Trump endurece tarifas, mas poupa o Brasil — por enquanto
Com exceção do Brasil, países citados pelo secretário — como Suíça e Índia — foram incluídos na nova rodada de tarifas comerciais anunciadas por Donald Trump, que entram em vigor na próxima quarta-feira (1º). As taxas, que variam entre 25% e 100%, atingem setores como medicamentos, caminhões pesados e móveis.
Segundo Lutnick, países que não colaborarem terão dificuldades em manter relações comerciais com os EUA:
“Esses países precisam entender que, se querem vender para os consumidores americanos, é preciso ‘jogar bola’ com o presidente dos Estados Unidos.”
Oposição vê desgaste de Lula com os EUA
No Brasil, a fala de Lutnick foi recebida como um sinal de alerta diplomático. Parlamentares da oposição acusam o governo Lula de isolar o país do maior parceiro econômico do Ocidente ao adotar uma política externa ideológica, mais alinhada a regimes como China, Rússia e Venezuela.
Críticos afirmam que o governo petista fragiliza a relação com Washington em um momento em que os Estados Unidos reforçam barreiras comerciais. Para setores do agronegócio, que têm no mercado externo uma de suas principais fontes de receita, a tensão pode gerar impactos diretos nas exportações brasileiras de soja, milho e carnes — produtos que enfrentam forte concorrência norte-americana.
Brasil no alvo
Embora o Brasil não tenha sido incluído nesta rodada de tarifas, a citação do país por Lutnick entre os que “precisam ser consertados” indica que a paciência de Washington tem limites.
Para a oposição, a declaração do secretário demonstra que a diplomacia de Lula — marcada por atritos com os EUA e aproximação com países adversários do Ocidente — expõe o Brasil a riscos e o deixa vulnerável nas negociações internacionais.