O governo federal interrompeu a divulgação dos dados epidemiológicos da Missão Yanomami desde que a polêmica sobre o aumento de mortes em 2023 gerou repercussão negativa. O último relatório disponível, datado de 22 de fevereiro deste ano, é o mesmo que apresenta o número de óbitos de 2022.
Na época, o total de 363 mortes, um aumento de 6% em relação aos 343 óbitos registrados em 2022, ganhou grande atenção. Era o primeiro ano de atuação dos profissionais e da equipe interministerial na região. O Ministério da Saúde afirmou que havia subnotificação nos anos anteriores, o que dificultava a comparação dos dados. Desde então, a pasta não divulga os números regularmente há quase cinco meses.
A Missão Yanomami, que contou com a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de ministros, começou em janeiro do ano passado, com a declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) e a criação do Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE-Yanomami).
Inicialmente, os relatórios epidemiológicos dos indígenas eram divulgados diariamente, depois semanalmente e, a partir de setembro do ano passado, mensalmente. Em fevereiro, no entanto, devido ao aumento das mortes em 2023, a divulgação pública foi suspensa.
Desnutrição severa e doenças
A crise enfrentada pelos yanomami e a ameaça constante do garimpo ilegal chocaram o país nos últimos anos, sendo uma das primeiras missões do atual governo. Este mês, a Câmara e o Senado aprovaram uma Medida Provisória destinando R$ 1 bilhão para a proteção dos indígenas da região.
A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) constatou a emergência e o aumento das mortes por doenças evitáveis, principalmente entre crianças. Entre 2019 e 2022, foram registradas 538 mortes de menores de 5 anos no território yanomami, das quais 495 (92%) poderiam ter sido evitadas com assistência sanitária adequada.
Segundo o último relatório do governo, só em 2023, houve 29,9 mil casos de malária, mais de 7,1 mil de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e mais de 26,7 mil de síndrome gripal entre todas as faixas etárias. A população yanomami até dezembro de 2023 era de 32.052 indígenas, com mais de 60% abaixo dos 20 anos.
Sem a divulgação dos dados dos últimos meses, é impossível conhecer o contexto atual da operação federal na terra indígena. Em resposta ao Metrópoles, o Ministério da Saúde informou que 1.497 profissionais, incluindo médicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas e nutricionistas, além de 342 profissionais de apoio, como administrativos, pilotos e engenheiros, continuam atuando na região.
Sem dados epidemiológicos
Questionado sobre os dados mais recentes do primeiro semestre deste ano, o Ministério da Saúde respondeu que foram identificadas inconformidades nos registros do Sistema de Informações da Atenção à Saúde Indígena (Siasi) em relação ao Censo 2023. A Sesai e o IBGE estão trabalhando para esclarecer essas diferenças e uniformizar a metodologia de contagem. O Ministério se comprometeu a divulgar todos os dados de saúde da população, incluindo os indígenas, assegurando a precisão das informações após concluir os procedimentos necessários.
Além disso, o Ministério informou que em abril deste ano foi implementado um novo tratamento para a malária vivax entre os indígenas, chamado Tafenoquina, que tem gerado maior adesão da comunidade.
Foto: Lalo de Almeida/Folhapress
Fontes: https://www.metropoles.com/brasil/yanomami-governo-nao-atualiza-dados-desde-aumento-de-mortes-em-2023 https://www.juniortakamoto.com.br/yanomami-governo-nao-atualiza-dados-desde-aumento-de-mortes-em-2023/