Além de tentar expandir sua bancada no Congresso Nacional, o Partido Liberal (PL) está apostando no crescimento de siglas de direita e centro-direita para fortalecer seus projetos políticos para 2026. Entre esses projetos estão a eleição para a presidência da Câmara e do Senado em 2027, além da aprovação de um projeto que concede anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Atualmente, as bancadas dos Republicanos, Progressistas e União Brasil ocupam ministérios no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas têm parlamentares alinhados com Bolsonaro.
Um parlamentar do PL comentou à Gazeta do Povo que concentrar toda a oposição em um único partido não seria prudente, pois as bancadas partidárias desempenham um papel crucial no legislativo, como o Colégio de Líderes, que decide sobre votações e agenda legislativa.
Outro membro do “núcleo duro” do PL destacou que um possível impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) só será viável se o PL conseguir apoio de outras siglas. No Senado, a bancada dos Republicanos já atua como linha auxiliar da oposição, com senadores próximos a Bolsonaro. Dados do site Placar do Congresso mostram que vários senadores dos Republicanos e do União Brasil têm índices elevados de oposicionismo ao governo Lula.
Esses números não indicam um alinhamento direto com Bolsonaro, mas uma tendência de discordância com o governo atual e uma postura mais à direita.
Para o cientista político Antônio Henrique Lucena, da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), a diversificação das forças de direita pode fortalecer a oposição no Legislativo, permitindo mais barganha e poder de veto.
PL Abandona Candidaturas em Capitais para Apoiar Aliados
Em um gesto de apoio aos governadores aliados de Bolsonaro, o PL apoiará candidatos em seis capitais: São Paulo (SP), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), Rio Branco (AC), Florianópolis (SC) e Campo Grande (MS). A sigla decidiu não lançar candidatos próprios em quatro dessas capitais, optando por apoiar candidatos já alinhados com Bolsonaro.
Em São Paulo, o PL decidiu apoiar Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito e aliado de Tarcísio de Freitas, ao invés de lançar Ricardo Salles, que era a preferência de Bolsonaro. Salles pode até deixar o PL para retornar ao Novo.
Em Campo Grande, a escolha de Beto Pereira (PSDB) em vez de Marcos Pollon gerou tensões internas e é a sétima mudança de apoio do PL na cidade. Em Curitiba, o cenário permanece indefinido, e em Florianópolis, o PL decidiu apoiar o prefeito Topázio Neto (PSD) e a vereadora Maryanne Mattos (PL).
O PL planeja lançar candidaturas próprias em Goiânia, Manaus e Cuiabá e não apoiará governadores alinhados com Bolsonaro nas eleições passadas.
Sistema Político Brasileiro e Necessidade de Alianças
O sistema político brasileiro exige a formação de coalizões, o que leva o PL a buscar alianças com outras legendas. Segundo o cientista político Elton Gomes, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), a falta de consistência ideológica dos partidos brasileiros representa um desafio para a formação dessas alianças.
A ascensão da direita desde 2018 também desperta o interesse de políticos tradicionais em se alinhar com Bolsonaro, enquanto a fragmentação da direita dificulta a formação de um partido hegemônico, como aponta o cientista político Adriano Cerqueira, do Ibmec de Belo Horizonte.
Derrotas Importantes do PL no Senado
O PL enfrentou derrotas significativas em 2023, incluindo a perda da presidência do Senado para Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e a aprovação da Reforma Tributária, que não foi barrada pela oposição. O partido também falhou em bloquear a nomeação de Flávio Dino para o STF.
Valdemar Costa Neto, presidente do PL, projeta que o partido deverá eleger de 20 a 30 senadores e que, com o apoio de aliados, o número pode chegar a cerca de 45 senadores.
Foto: Evaristo Sa/AFP