A atuação da primeira-dama do Brasil, Janja Silva, tem causado insatisfação dentro do governo federal, pois sua influência estaria ultrapassando os limites do terceiro mandato do presidente Lula (PT). Segundo o jornal O Estado de São Paulo, pastas como a Fazenda, o Desenvolvimento Social e até a Defesa têm sentido o peso das decisões de Janja.
De acordo com o veículo, uma das áreas mais afetadas pela interferência da primeira-dama é a comunicação, principalmente no que se refere à publicidade das ações de governo. A reportagem do Estadão revelou que Janja impõe mudanças, substituições e até impede campanhas importantes. Por exemplo, ela vetou uma proposta do PT de remunerar blogueiros.
No campo econômico, Janja teria solicitado expressamente a redução das taxas de juros do cartão de crédito, ignorando os procedimentos habituais de consulta à equipe econômica. Segundo o jornal, os auxiliares da Fazenda estariam receosos de abordar o assunto com a primeira-dama.
Outro indício da influência de Janja no governo é um episódio envolvendo o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, e uma reunião sobre a crise na articulação política. De acordo com um interlocutor do Planalto, a primeira-dama acompanhou Dias até a porta após o encontro e pediu que ele não levasse mais esse tipo de problema ao presidente.
Oficialmente, o ministro negou o diálogo e afirmou que costuma “receber os problemas e buscar soluções”. Dias também declarou que leva ao presidente apenas o que depende de sua decisão.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), também estaria insatisfeito com Janja e teria procurado Lula para expressar a insatisfação dos colegas em relação à primeira-dama. No entanto, o presidente teria apoiado a esposa e afirmado que o senador não deveria repetir as críticas se quisesse manter uma amizade de décadas.
Ao ser questionado, o senador negou qualquer problema com Janja, afirmando que ele e sua esposa têm uma excelente relação com ela e que não há fundamento nas supostas críticas ao comportamento da primeira-dama.
No entanto, o ministro da Defesa, José Múcio, teria sido o mais afetado pela influência de Lula. Após os eventos de 8 de janeiro, Múcio teria sugerido ao presidente que fosse emitido um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). No entanto, ao ouvir a sugestão por telefone, Janja reagiu de forma negativa, classificando a GLO como um golpe.
De acordo com o Estadão, pessoas próximas a Lula relatam que Janja tem tido respostas ríspidas a Múcio, em situações descritas como constrangedoras. Além disso, membros do partido que atuaram como intermediários entre Lula e as Forças Armadas reclamaram repetidamente que Janja contribui para a tensão entre o governo e as instituições militares.
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