A recente reforma ministerial do governo Lula escancarou a crescente dificuldade do presidente em manter aliados e consolidou ainda mais o controle do PT sobre o alto escalão. Com a nomeação de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais, o partido agora comanda 12 dos 38 ministérios, um movimento que não reflete força, mas sim o isolamento político e a falta de alternativas para manter sua base aliada.
PT Ocupa Espaço Deixado por Aliados
Desde o início do terceiro mandato de Lula, nove ministros já foram substituídos, e o governo criou mais um ministério, ampliando a estrutura da Esplanada. A mais recente mudança não garantiu novos apoios, apenas reforçou a dependência do PT diante da debandada de partidos como PP, Republicanos, União Brasil e PSD — que consideram romper com o governo.
Dificuldades no Congresso e Articulação Frágil
A nomeação de Gleisi Hoffmann, conhecida por sua postura inflexível e pouco conciliadora, não agradou ao Congresso. Líderes parlamentares veem a escolha como um sinal de que Lula desistiu de ampliar sua base de apoio, o que pode resultar em novas derrotas no Legislativo, especialmente em temas econômicos cruciais, como a revisão do arcabouço fiscal.
Além disso, a popularidade do presidente continua em queda, com índices de reprovação superiores a 70% em alguns estados. A estratégia de concentrar poder no PT pode ter o efeito contrário ao desejado, afastando ainda mais aliados estratégicos, e ampliando o desgaste com o Congresso e a opinião pública.
Com a base política desmoronando e dificuldades em aprovar medidas essenciais, o isolamento de Lula pode se aprofundar, tornando sua governabilidade ainda mais frágil nos próximos meses.