Na análise realizada nesta quarta-feira (22), William Waack discorre sobre o retorno da Petrobras a um caminho que muitos acreditavam ter ficado no passado, pré-Lava Jato. Segundo Waack, a estatal está sendo direcionada novamente para atender aos interesses do governo, após a remoção do último obstáculo significativo: uma decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).
O CADE, que tem como missão proteger a economia contra monopólios, havia determinado que a Petrobras vendesse suas refinarias, numa estratégia voltada para o desinvestimento em áreas fora de seu núcleo de competência, como refinarias, e a concentração na exploração de petróleo em grandes profundidades, algo que a empresa domina com maestria. Essa diretriz foi adotada após a crise enfrentada durante a administração de Dilma Rousseff, quando a Petrobras foi gravemente abalada por escândalos de corrupção e má gestão.
No entanto, o cenário mudou com a chegada de Lula ao poder. Incomodado com o ritmo dos investimentos em refinarias, estaleiros navais e polos petroquímicos, Lula promoveu uma troca no comando da Petrobras. A nova presidente da estatal, alinhada com a visão do governo, parece disposta a contrariar figuras influentes como Marina Silva, atual ministra do Meio Ambiente, conhecida por seu prestígio internacional na defesa das causas ambientais. Uma das novas polêmicas envolve a exploração de petróleo na faixa equatorial, nas proximidades da Foz do Amazonas, um projeto que enfrenta forte oposição ambiental.
A história recente da Petrobras mostra que sua utilização como ferramenta para políticas públicas e investimentos governamentais resultou em desastres financeiros e administrativos. Os impactos negativos dessas práticas, que culminaram em enormes prejuízos e escândalos de corrupção, ainda estão frescos na memória do país. No entanto, apesar das lições do passado, parece que a Petrobras está sendo novamente conduzida a trilhar um caminho semelhante, priorizando interesses políticos em detrimento de uma gestão focada em suas competências e na saúde financeira da empresa. Como Waack destaca, os riscos são grandes, e o desfecho dessa estratégia ainda é incerto.
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