O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a manifestar apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e criticou duramente as ações judiciais em curso contra o líder brasileiro. Em publicação feita nesta terça-feira (8) na rede Truth Social, Trump classificou as investigações como “uma caça às bruxas” e cobrou: “Deixem o grande ex-presidente Jair Bolsonaro em paz!”
A declaração, que repercutiu internacionalmente, reforça a relação entre os dois ex-chefes de Estado e líderes do espectro conservador global. Trump também comparou o tratamento judicial dado a Bolsonaro ao que ele próprio enfrentou nos Estados Unidos após os protestos de 6 de janeiro de 2021, no Capitólio.
“O grande povo do Brasil não vai tolerar o que estão fazendo com seu ex-presidente. O único julgamento que deveria estar acontecendo é o julgamento pelo voto do povo brasileiro. Isso se chama eleição”, escreveu Trump.
Críticas ao Judiciário e apoio internacional
A mensagem de Trump ocorre em meio a diversas ações contra Bolsonaro, conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal, especialmente sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. As medidas incluem inquéritos por suposta tentativa de golpe, cassação de direitos políticos e bloqueio de contas em redes sociais.
Segundo Trump, tais medidas representam tentativas de silenciar opositores políticos e ameaçam a integridade do processo democrático.
“Isso não é nada mais, nada menos, do que um ataque a um oponente político — algo que eu conheço muito bem”, disse.
Aliados de Bolsonaro têm buscado apoio internacional para denunciar o que consideram abusos de autoridade no Brasil. Nos Estados Unidos, parlamentares ligados ao Partido Republicano discutem medidas como sanções com base na Lei Magnitsky e na International Emergency Economic Powers Act (IEEPA), que podem incluir restrições a agentes públicos brasileiros, como o ministro Moraes.
Reações no Brasil
A fala de Trump gerou reações do governo brasileiro. O presidente Lula (PT) afirmou que “o Brasil é soberano” e que “não aceita interferências externas”. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também se manifestou, dizendo que Trump “não tem legitimidade para opinar sobre o Judiciário brasileiro”.
Apesar das críticas, a declaração de Trump foi bem recebida por apoiadores de Bolsonaro, que veem no gesto um reforço à narrativa de perseguição política e uma tentativa de legitimar o ex-presidente como vítima de excessos do Judiciário.
Alinhamento ideológico
A manifestação marca mais um episódio do alinhamento entre Trump e Bolsonaro, que ao longo de seus mandatos firmaram laços políticos com base em pautas comuns como nacionalismo, conservadorismo e oposição a instituições consideradas progressistas.
Para analistas, a defesa pública de Bolsonaro por Trump pode ter efeitos simbólicos relevantes no debate político brasileiro, sobretudo entre a base conservadora, mas também amplia o debate sobre o impacto de pressões externas em processos judiciais conduzidos no país.